terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Apresento-lhe meu amor.

Minguei até tornar-me tão pequena quanto minha esperança. Travei a língua e prometi aos sete mares que sobre ti não soltaria nem mais um verbo. Tudo que fiz foi tornar-me mais azeda com toda a tristeza que afundei e guardei em mim. Deveria ter soltado todas as fúrias mortas em teus lábios quentes, devia ter arranhado teu peito e feito de ti um arranhão, único, ou um beijo, acolhedor. Minhas palavras perderam um bocado a acepção, sei que não entendes mais o amontoado de bilhetes que deixei em tua janela. Estavam borrados. A escrita negra deslizava como vinho na garganta seca, cortava-me os dedos e sujava os olhos com um líquido transparente como cristal.

Levantei-me calma de meu divã. Queria lembrar onde meus pés estavam a me levar. Assistir-te! Sim, sim, como fui tola, como pude esquecer? Aquiete-se, o palco é teu. Estou aqui, assistindo-te solitária na platéia farta. Lembre-se de mim, imploro-te. Não deixe-me aqui, minguando, solitária com meu amor. Ensina-me a dançar também. Suplico-te, não solte-me no amanhecer de um adeus. Deixe, eu, fazer descansar teu corpo no palco de madeira, deixe minhas mãos mortas tocarem-te, pela última e desgostosa vez.

Deixe meus versos conduzirem-te em uma valsa delicada de corpos. Apresenta-me a leitura da vida, o toque caloroso através de um fitar perfurador que faz a alma doer e a mente gritar por perdão, apenas por ter amado, ou sofrido. Peço apenas para que não deixe tuas lágrimas tocarem-me o coração pois irá corroê-lo. Sei que transbordas por não ter tua bailarina, aquela que me faz morrer. Mas quando teus lábios pronunciam isto junto aos meus traz o gosto amargo do choro, traz o grito da solidão.

Se quiseres, vá, apenas não apagues minhas pegadas, deixe que me encontrem aqui, caída, em um palco de madeira, em teu palco.

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