sábado, 11 de fevereiro de 2012

Carecia, eu, de teu ódio.

A cor branca pintou-me os lábios com a delicadeza do desespero. A face afogou-se no vermelho do ódio e as mãos entrelaçaram-se nos livros velhos. O perdão implorou pelo seu uso, ajoelhou-se no vácuo da solidão. A gana invadiu-me, guardei o perdão, o escondi, o matei. Nunca o perdoei. Enrolei os braços carinhosos em seu pescoço cálido, beijei-o, sem perdão, retirei teu ar, querido, roubei teu ar. Perdoe-me, sem o meu perdão, eu carecia dele. Estava difícil respirar, tudo que precisava deixou-me: o amor, a poesia, a alegria, a lágrima, o ar.

Acredite, por favor, quando eu contar-te que cultivo ódio, porém acredite também quando eu contar-te que cultivo o amor. O pedido de perdão que saí de teus lábios envolvem-me com calor de uma chama cruel, não creio nela, nem em ti. Tua alma gargalha frente ao sofrimento, a ilusão, a minha agora dança na tua ignorância. Teu olhar perfura o orgulho e faz cair morta minhas palavras, faz cair em teus braços o sangue que resistiu ao teu toque, ao teu venenoso beijo doce.

Perdoe-me por não lhe perdoar, mas carecia eu, realmente de teu ar, de teus lábios, de teu orgulho, carecia eu de tua alma dentro da minha. Carecia de teu amor mergulhado no ódio, querido vadio amante.

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